A última etapa das pesquisas para o meu livro De Labiata a Lagoa da Canoa, em 2016, foi marcada pela acolhida que tive em Garanhuns, a Cidade das Flores, também conhecida como Suíça Pernambucana. Permaneci 20 dias entre as Sete Colinas da terra de Simôa Gomes, Dominguinhos, Luís Jardim, Quinteto Violado e João Marques. Escritor, músico e poeta, João Marques é o autor do hino de Garanhuns e proprietário do jornal O Século, por ele fundado em 1995. Desde o nosso primeiro encontro, não deixamos mais de nos falar quase todos os dias, principalmente a partir de seu convite, em 2018, para ser o jornalista responsável pelo jornal.
Lamentavelmente, com a
pandemia do novo coronavírus, O Século suspendeu sua edição impressa. Um golpe
para todos nós! Mas isso não foi suficiente para abalar a determinação de, o
quanto antes, fazer o jornal circular novamente. E com o mesmo conteúdo voltado
à cultura, à sociedade e à saúde, em grande parte constituído de artigos assinados
por colaboradores criteriosamente selecionados. Enquanto isso não acontece, e
atendendo a inúmeros pedidos, esta semana O Século modernizou-se! Entrou no vasto
e dinâmico mundo da internet, em forma de blog, cuja implantação contou com a
abnegada colaboração da articulista cultural Jaqueline Salomé. É um retorno
triunfal do jornal, porquanto demonstra que o seu proprietário, não obstante as
dificuldades de retomada de antigos e novos patrocínios, em nenhum momento
deixou de acreditar numa solução que, em breve espaço de tempo, conciliasse
custo operacional e conteúdo afinado com as exigências de seu exigente universo
de leitores.
Estou duplamente feliz.
Primeiro, porque O Século está de volta – e de cara nova para versão digital!
segundo, porque, simultaneamente, recebo de seu idealizador e proprietário a
notícia de que seu primeiro romance, “euHerói”, atualmente no prelo, será
lançamento no início de 2021. Trata-se de um romance memorialista fantástico, desenvolvido
num cenário em que a imaginação buliçosa do autor navega entre fantasia e
realidade para realçar entranhas da entidade humana. Destaco este excerto
extraído do prefácio que tive a elevada honra de escrever sobre “euHerói”:
“Valendo-se de magistral concepção narrativa, o escritor João Marques transmuda-se em uma Avenida para explorar conflitos existenciais, vicissitudes e contrastes entre vida pública e intimidade das personagens. Nessa condição, ele é autor, narrador, protagonista e a própria Avenida, que, ora na horizontal, ora na vertical, assume papel de senhora absoluta dos recônditos entre existência e inexistência, compreendidos no espaço e no tempo. Onipresente, ora estendida no chão, ora em movimento, a Avenida tudo sente, ouve e vê, além de casas, vitrines, trens, mendigos, árvores, céus, vento e zumbis no Cemitério Morto”.
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