quarta-feira, 30 de junho de 2021

ATUALIDADES DO LIVRO “PORTUGUÊS EM PINGOS DE ANÁLISE SINTÁTICA” - Manoel Neto Teixeira


 







Ao manusear alguns títulos da biblioteca do mano Aires Teixeira, nesse domingo 13 de junho de 2021, qual não foi a emoção ao deparar-me com a obra: PORTUGUÊS EM PINGOS DE ANÁLISE SINTÁTICA, de autoria do professor Levino Epaminondas de França (de saudosa memória), do Colégio Diocesano de Garanhuns, edição 1971.

Obra que, pela abrangência e alcance didático está a reclamar uma nova edição, pois interessa a alunos e professores dos três níveis do ensino, conforme sugere na capa: cursos ginasial, colegial, pedagógico, contabilidade, pré-vestibular, concursos públicos etc. O autor foi aluno e professor de línguas (Latim e Português) do próprio Diocesano e demais instituições de ensino de Garanhuns.

O Prefácio da obra é do então diretor do Colégio Diocesano, padre Adelmar da Mota Valença, com data de 07 de março de 1971, tem o seguinte teor, na íntegra:

“Louvores muitos merece o professor Levino Epaminondas de França pela publicação deste precioso livro que traz o sugestivo título de PORTUGUÊS EM PINGOS DE ANÁLISE SINTÁTICA. Foi escrita, certamente, em horas roubadas ao sono, pois são múltiplas as suas ocupações como professor de vários colégios, como advogado e pai de tantos filhos.

Publicando-o, presta um grande serviço aos seus colegas de magistério e, sobretudo, aos alunos que, com mais facilidade, poderão aprender as lições tão úteis deste livro.

Ótimo professor que é, não se limitou a escrever, apenas, lições de gramática, mas, enchendo este livro de frases preciosas, procurou dar, também, lições de Fé, de patriotismo, de gratidão, de formação moral e de otimismo. Revelou, sem querer, nas dedicatórias e nos exemplos que enriquecem este livro, todos os belos sentimentos que traz dentro da alma.

O Colégio Diocesano de Garanhuns que o teve como aluno, que o tem como mestre e amigo, sente-se engrandecido com a publicação deste PORTUGUÊS EM PINGOS DE ANÁLISE SINTÁTICA que, com simpatia, serão recebidos por todos.

Tive o privilégio de ser aluno do professor Epaminondas, início dos anos 60, cadeira de Latim do curso Clássico do Diocesano, ao lado de companheiros inesquecíveis como Jones Figueiredo Alves, Gladstone Vieira Belo, Jodeval Duarte, João Marques, entre outros, que, por ironia ou não do destino, seguiríamos a atividade jornalística nos grandes jornais do Recife.

Além do magistério nos principais colégios de Garanhuns, o professor Levino Epaminondas de França bacharelou-se em Direito e passou a exercer, paralelamente, a advocacia na região, com o brilhantismo de quem sabia usar a palavra e as frases, com toda sua força, na hora certa e no lugar certo, para deleite de quantos o ouviam e aplaudiam.

Chegou a eleger-se vereador à Câmara Municipal de Garanhuns, início dos anos 60, elevando o nível dos debates políticos, ao lado de companheiros igualmente qualificados, do ponto de vista moral e intelectual, como Raimundo de Moraes, Ivo Amaral, Jaime Pinheiro, Uzae Canuto, Ivan Rodrigues, Humberto de Moraes, entre outros, os quais fizeram “uma Câmara de causar inveja a qualquer parlamento do Brasil”.

O seu livro está pronto e reclamando novas edições, procedendo-se, obviamente, às atualizações apenas ortográficas, conforme as últimas reformas da língua pátria, permanecendo inalteráveis as linhas mestras da língua, tal como o próprio autor deixa claro na primeira parte da obra – Da Oração:

“O pensamento é uma fonte poderosa de poder.

O homem pensa, transforma o pensamento em palavras e as palavras em ação, ou trabalho.

Transmitimos a nossos semelhantes os pensamentos, por meio da palavra falada ou escrita.

A ideia é expressa por um pensamento, ou um grupo de pensamentos”.

Ainda nesta primeira parte de sua obra o autor sublinha tipos de oração, classificados de seis maneiras, que permanecem e se projetam ad infinitum:

Afirmativa, negativa, exclamativa, interrogativa, apositiva e imperativa.

Colégios – e não apenas o Diocesano- e faculdades de Garanhuns poderiam se irmanar com vistas a uma nova edição dessa obra, sob novos procedimentos editoriais, vez que a matéria interessa a todos – estudantes e professores. Seria inclusive uma forma de homenagear o autor que tanto contribuiu para o ensino e a cultura do Agreste Meridional de Pernambuco.

(Manoel Neto Teixeira, autor, dentre outras, da obra PINTO FERREIRA – VIDA E OBRA, prêmio da Academia Pernambucana de Letras, categoria Ensaio, edição 2010, é membro da Academia de Letras de Garanhuns). E-mail: polysneto@yahoo.com.br


Poema escrito durante a epidemia de peste em 1800 - K. O ' Meara

 “Quando a tempestade passar,

as estradas se amansarem,

E formos sobreviventes

de um naufrágio coletivo,

Com o coração choroso

e o destino abençoado

Nós nos sentiremos bem-aventurados

Só por estarmos vivos.

 

E nós daremos um abraço ao primeiro desconhecido

E elogiaremos a sorte de manter um amigo.

 

E aí nós vamos lembrar tudo aquilo que perdemos e de uma vez aprenderemos tudo o que não aprendemos.

 

Não teremos mais inveja pois todos sofreram.

Não teremos mais o coração endurecido

Seremos todos mais compassivos.

 

Valerá mais o que é de todos do  que o que eu nunca consegui.

Seremos mais generosos

E muito mais comprometidos

 

Nós entenderemos o quão frágeis somos, e o que

significa estarmos vivos!

Vamos sentir empatia por quem está e por quem se foi.

 

Sentiremos falta do velho que pedia esmola no mercado, que nós nunca  soubemos o nome e sempre esteve ao nosso lado.

 

E talvez o velho pobre fosse Deus disfarçado...

Mas você nunca perguntou o nome dele

Porque  estava com pressa...

 

E tudo será milagre!

E tudo será um legado

E a vida que ganhamos será respeitada!

 

Quando a tempestade passar

Eu te peço Deus, com tristeza ,

Que você nos torne melhores.

como você nos sonhou.

Não há sombra que o sol não vença - José Alexandre Saraiva


 







Saberei te esperar. E quando esse dia chegar, meus postes nostálgicos não faltarão com o alumio dourado no tapete de patit-pavé para saudar o teu caminhar. Verás que não te esqueci. No teu regresso, minhas lojas, meu Bondinho, minhas bancas de revistas, meus restaurantes, meus bancos, meus cafezinhos, meus escritórios, meus prédios neogóticos e art decó estarão no lugar de sempre e de portas abertas para te receber. Ouvirás o mesmo canto dos meus passarinhos e voltarás a te encantar com o mesmo esplendor de minhas cerejeiras, de meus canteiros e de minhas sávias em flor. Saberei te esperar. Não há sombra que o sol não vença. Ass. A tua Rua das

Flores. (foto:xyagosousax/amigosdecuritiba)




quarta-feira, 16 de junho de 2021

Reflexões - João Marques


 







A grande descoberta.

Não é através do conhecimento das estrelas, e dos estudos da ciência, e das línguas e das histórias, que se vá atingir a maior sabedoria. Quando o homem se organizar melhor, e se voltar para dentro de si mesmo, descobrirá o tesouro que carrega, silencioso, nos recônditos de sua origem.


Silêncio que dignifica.

Vão-se os amigos, os parentes, as paisagens mudam, e fica a ausência, que não significa plenamente vazio. As presenças, os acontecimentos, os momentos de alegria, os abraços, todos se vão, e fica o silêncio refletindo tudo. Verdade, nada acaba; fica no espaço, na expansão da existência, o que passa e permanece vivo na sensibilidade dos que amam.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

"Sinais na Janela", luz na Pandemia - William Santiago


 






“Eu sou eu e minha circunstância, se não a salvo não me salvo” (José Ortega y Gasset, filósofo espanhol)

“No tédio do isolamento, qualquer coisa é muita coisa” (Maiara Santiago, prisioneira da Pandemia)
_____
 
     Samuel e Karminha estão perdidos numa noite de Quarentena, na Barra Funda, bairro da maior cidade da América do Sul. Uma noite num apartamento pequeno não é nada, mas muitas noites num apartamento pequeno e moradores pressionados pela Pandemia podem levar qualquer um ao   limite.
     
     São Paulo tem seus parques, shoppings, teatros, cinemas, artistas por todo lado, porém, limitados pelas medidas restritivas da Pandemia, Samuel e Karminha não podem fazer muito por si mesmos. Como a situação dá muito tempo livre, dão asas à criatividade. Daí sai um sistema para aproximar moradores dos prédios em volta. Samuel e Karminha talvez conheçam Ortega y Gasset, talvez não. Mas sabem intuitivamente que somos determinados pelas proximidades, ou seja, pelas circunstâncias e nelas temos que achar soluções. Pois é o que Samuel engenha: começa a observar os vizinhos a partir da janela do seu apartamento. Observa um, outro, outro, a curiosidade ataca na Pandemia. Temos tão pouco a fazer que qualquer novidade é um achado.
   
     Samuel está num 12° andar. Imagina isso: como não tem mar nem garrafa para enviar uma mensagem ao desconhecido, põe um cartaz na janela: INSTA. Passam dias, ninguém responde.
     
     Maiara e Filipe, também no 12° andar, percebem algo desenhado/escrito naquela janela. No princípio, ficam desconfiados. O que pode ser?  Maiara, querendo desvendar o mistério, rabisca na sua janela: ESCREVE MAIOR. Logo fazem o contato, conhecem-se no jardim do condomínio e, dias depois, estão se comunicando no Instagram. A iniciativa de Samuel, gerada pela ansiedade do momento presente, acaba fazendo vizinhos se aproximarem e tornar menos angustiante a vida na Quarentena. De sua iniciativa, apoiada por Maiara e Filipe, logo surge o grupo de WhatsApp “Sinais na Janela”, que passa a encontrar-se no jardim do condomínio, respeitando os protocolos sanitários. Em poucos dias, novas ideias aparecem:
     
     - Vamos tomar cerveja na janela?
     
      E tomam, fazendo sinais com mãos e braços ou mandando código “Morse” pelo celular.
     
     Outro dia, Maiara participa de um “brunch a distância”. Amigos de Brasília, São Paulo e Porto Velho se encontram e trocam figurinhas pelo celular.

      E Maiara acrescenta:
     
      - Meu pai inventou o "Boteco Virtual". Senta no sofá em casa, faz chamada de vídeo pelo WhatsApp e toma cerveja com um primo de Palmas –TO e um amigo de Catalão, GO, como se estivessem num boteco presencial.  Mas a conversa não precisa necessariamente ser regada a álcool. Já com amigo de Maravilhas, MG, abstêmio atualmente, o combustível é a Lteratura. Embebedam-se de Machado de Assis, Dante Alighieri, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina e outros/as. Da conversa, rolam muitas ideias para os contos e crônicas de um e trovas e sonetos de outro. O próximo passo é criar a “live no Boteco” com mais participantes e temas variados.
     
     De outras turmas pipocam outras ideias. Os torcedores de futebol, por exemplo. Pois não é que já inventaram a “ Home Arena”? Combinam de ajuntar-se numa plataforma qualquer e assistirem a jogos decisivos do campeonato paulista. Mas duvido se já não há mineiros e cariocas pensando nisso? Vamos fazer desse limão uma limonada, galera.
     
     Fica aí, portanto, pelo menos um crédito para a Pandemia: faz com que vizinhos que jamais se conheceriam numa cidade grande, em plena “normalidade”, se encontrem e iniciem uma amizade que desafoga a pressão deste momento tenebroso. É também possível que seja amizade duradoura e dure até depois disso tudo, por que não? Vivendo, sofrendo e aprendendo. Parabéns, “Sinais na Janela”!

 


NO REMANSO DA MEMÓRIA - Luiz Gonzaga de Mattos


 







     Nas enchentes dos rios, as ramagens sobre as águas vão, mansamente, se encostando aqui e ali. Assim parece ser a memória. O tempo vai acumulando momentos em nossas vidas e, de um instante para outro, recordações vão chegando e se aninhando naquela curva chamada saudade. Se num rio o redemoinho das águas dá espaço por pouco tempo ao que chega, o atropelo do dia a dia vai limpando a curva da saudade. Ontem, sem agito nesses dias quarentenais, ocupei o tempo vendo antigos escritos e velhas fotos com personagens que sacudiram a ramagem das curvas da saudade e se mostraram vivas em minha memória.
Lembrei-me de uma “hora da saudade” com amigos de adolescência e juventude da cidade de Sengés, no interior paranaense. Como local do encontro, marcamos a cidade de Ponta Grossa para facilitar a presença da maioria do grupo. No início de maio, há oito anos, nos reunimos. Vai aqui um excerto do texto escrito após a confraternização:
     

     Assim é a saudade verdadeira. E não poderia ser diferente ao vermos nossos amigos de uma época saudosa. Por isso tudo valeu a pena nosso encontro. Momentos em que fomos transportados para outros tempos, onde a nossa preocupação não era com o amanhã. Vivíamos o hoje, curtíamos o agora e hoje sofremos com o ontem. Porque trazer a saudade no peito é estar onde não podemos estar. E isto, ao voltar à realidade, vemos que os cachos dourados dos cabelos do Jamil foram tomados pela calvície; o tapete do Tico desapareceu completamente... Assim é a vida. E essa vida nos dá satisfação quando podemos rever amigos. Daí, ao vivo, sai aquela imagem desbotada pelo tempo e ressurge com esplendor a da convivência. Como se o tempo não tivesse passado. Quando inexiste o binômio saudade-amizade é porque não havia amigo. Aí, sim, a saudade machuca. Felizmente deste mal não sofremos. Abraços a cada um de vocês que me deram o prazer deste encontro. Até o próximo!


LEVANDO A SÉRIO A PANDEMIA - João Marques


 







Mas, levando a sério, o vírus veio com sua agressividade. Não só isso, trouxe benefícios, também. Do mal, da mortandade, da fome, todo o mundo de bom senso sabe. E é a essas pessoas, de bom senso, que dirijo o comentário. E é o grande problema humano, o bom senso, maior que a pandemia, certamente. De certeza, os vetores humanos que trouxeram o vírus do Exterior, e contaminaram todo o mundo. As pessoas que, irresponsavelmente, não têm cuidado com o contágio, e andam sem máscaras e aglomeram-se. O Presidente! Esses dão testemunho evidente do atraso em que se encontra, ainda, a humanidade. As populações crescem, mas falta o espírito de coletividade, de amor ao próximo, de valorização da vida dos outros. Assim foi, assim é. E como é sabido, popularmente, que todo o mal traz um bem, falemos, aqui, de uns, os principais.

     Sabe-se, agora, que a ciência não garante solução imediata para o que possa surgir de risco no mundo. E nem há prevenção para tudo. Nem a ciência, nem os recursos técnicos alcançados, nem o dinheiro, por último. O mundo é passível de quaisquer desastres, que possam abalar a humanidade. Não há autossuficiência em termos de coletividade. Conscientização que chega como alerta aos que se propõem a conduzir a prevenção e a segurança de todos. O que falta ou faltava.

     Há de se considerar, também, entre os aspectos mais positivos, o enfrentamento. Sobretudo, a entrega dos profissionais de saúde. E muitos, arriscando a vida, pereceram heroicamente. Grande testemunho e afirmativa da vocação profissional.  E, também, considere-se outros profissionais que não arredaram o pé. Comportamentos esses, afirmativos na edificação da credibilidade humana.

     Há de se respirar, livre, amenizado o perigo da pandemia. E ficará a memória de tudo. O mal e o bem. E como de tudo na vida, das situações mais difíceis, fica sempre uma experiência benfazeja. O mundo resistiu, pelas pessoas de bom senso. E interessante é constatar que todas as pessoas foram envolvidas. Todas as classes e atividades. Daí, os mais diferentes resultados. Pessoas de bem, crápulas e oportunistas, também. Há de ser chorados os parentes, os amigos, todos que infelizmente não resistiram. Mas há de se contarem os que, de pé, triunfaram. “E assim caminha a humanidade”, como no filme, e que caminhe sempre, cá, na realidade, com a prevalência dos bons comportamentos... Sério!


quarta-feira, 2 de junho de 2021

INCURSÕES SOBRE OS 500 ANOS DE BRASIL - Manoel Neto Teixeira


 






Como jornalista e professor universitário, não tenho dúvida em recomendar a leitura do livro História do BRASIL (para ocupados), editora Leya Brasil-SP, edição 2020. Organizado pelo escritor e editor Luciano Figueiredo, a obra compõe-se de 70 ensaios assinados por historiadores e pesquisadores de reconhecida capacidade, versando sobre os vários aspectos que permeiam a nossa História, nas suas dimensões territoriais, antropológicas, econômicas, sociopolíticas e culturais. O Brasil Colônia, Império e República, portanto 500 anos de embates e caminhadas.

Diferente da maioria das publicações, concebidas de forma quase sempre monocrática, História do BRASIL (para ocupados) compõe-se de seis capítulos na seguinte ordem: 1 – Pátria descoberta; 2 – Fé e a ordem cristã; 3 – Poder; 4 – Povo; 5 – Guerra; 6 – Construtores.

A leitura dessa obra corrige falhas, omissões e lacunas da História oficial, ministrada nas escolas, de canto a canto do país, por professores (as), quase sempre leigos, que se limitam a transmitir as lições dos livros didáticos concebidos sob a ótica dos “vencedores”, conforme assinala o jurisconsulto Raimundo Faoro, no seu clássico Os Donos do Poder.

 A obra desdobra-se na seguinte ordem, com os títulos e respectivos autores:

DESCOBERTAS: Quem descobriu o Brasil – Joaquim Romero de Magalhães; O nome Brasil – Laura de Mello e Souza (pgs. 16 a 21).

ENTRE BÁRBAROS: Canibais e corsários: canibalismo para alemão ver – Rinald Raminelli; Bandeiras indígenas – John Monteiro; Invasão francesa – Maria Fernanda Bicalho (pgs.  29 a 41).

O TRÁFEGO NEGREIRO: Sem Angola não há Brasil – Luiz Felipe de Alencastro; Traficante chachá – Alberto da Costa e Silva (pgs. 46 a 50).

ÁFRICA NO BRASIL: Os mistérios da rosa – Luiz Mott; Candoblé para todos – João José Reis; Capoeira mata um – Carlos Eugênio Líbano (pgs. 56 a 73).

AMAZÔNIA E FANTASIA: Nasce a Amazônia – Rafael Chambouleyron; Louco, aventureiro e místico – Chris Burden (pgs. 81 a 86).

FÉ – A ORDEM CRISTÃ: Exércitos de Cristo – Ronaldo Vainfas; Compromisso entre irmãos – Caio Boshi (pgs. 98 a 103).

SANTOS E SANTAS: Santo Guerreiro – Georgina Silva dos Santos; Santa e Padroeira – Juliana Beatriz Almeida de Sara; Salve Anastácia - Mônica Dias de Souza (pgs. 109 a 119).

DEMÔNIOS E TUMBAS: Vade retro – Marcia Moisés Ribeiro; Feitiços e feiticeiros – Daniella Bruno Calainho (pgs. 133 a 137).

MISTÉRIOS E CONCILIAÇÃO: Maçonaria na luta – Marco Morel; Kardec entre nós – Emerson Giumbelli (pgs. 133 a 128).

PODER – INVESTIMENTOS E CAPITAIS:  Civilização de açúcar – Ana Maria da Silva Moura; Ouro de tolo – Ângelo Carrara; Ciclo do café – Sheila de Castro Faria (pgs.146 a 157).

NOVA ORDEM, VELHOS PACTOS: Além do café com leite – Claudia M. R. Viscardi; O que querem os tenentes? – Marieta de Moraes Ferreira; Mudança de comando – Marly de Almeida Gomes Viana (pgs. 165 a 177).

FASCISMO VERDE-AMARELO: Segurança nacional – Maria Luiza Tucci Carneiro; Nazismo tropical – René E. Gestz (pgs. 181 a 187).

GOLPE MILITAR, VIOLÊNCIA E EXCLUSÃO: Nos porões  do Estado Novo – José Murilo de Carvalho; 1964: golpe militar ou civil? – Daniel Aarão Reis; 1968: um ano chave – Lucilia de Almeida Neves Delgado (pgs. 192 a 202).

POVO: D. JOÃO DE PASSAGEM: Todos a bordo! – Lília Moritz Schwarez; Qie rei sou eu? – Lúcia Maria Bastos P. Neves e Guilherme Pereira das Neves; Sempre Carlota – Francisca Nogueira de Azevedo (pgs. 210 a 225).

D. PEDRO-I, ARDENTE e CORTESÃO: O indiscreto “demonão” – Mary Del Priore; Leopoldina, a austríaca que amava o Brasil – Clóvis Bulcão (pgs. 231 a 235).

D. PEDRO-II e a ULTIMA CORTE: A República de Dom Pedro-II – José Murilo de Carvalho; O reinado de Isabel – Robert Daibert Júnior (pgs. 244 a 247).

O MAU LADRÃO: Ficha suja – Eduardo Bueno; A arte da subtração – Ronaldo Vainfas; Basta de corrupção – José Murilo de Carvalho (pgs. 253 a 263).

SEXUALIDADES MESTIÇAS: “Não existe pecado do lado de baixo do Equador” – Ronaldo Vainfas; Santo ofício da homofobia – Luiz Mott; Um caldeirão de amores – Mary Del Priore (pgs. 269 a 284).

HUMORES E SABORES: Pinga da boa – Luciano Figueiredo; Sabores da colônia – Paula Pinto e Silva (pgs.288 a 294).

GUERRA: OPRESSÃO COLONIAL: Índios, hereges e rebeldes – Ronaldo Vainfas; Fim de jogo em Guararapes – Rômulo Luiz Xavier do Nascimento; Pobres, rudes e ameaçadores – Laura de Mello e Souza; Quilombo de um novo tipo – João José Resi (pgs. 302 a 318).

SANGUE NAS PROVÍNCIAS: A Bahia pela liberdade – Hendrik Kraay; Farrapos com a faca na bota – Sandra Jatahi Pesavento; Insurreição praeira – Marcos de Carvalho; A Guerra de Canudos à sombra da República – Jacqueline Hermann (pgs. 325 a 340).

ABOLIÇÃO E A REPÚBLICA DESIGUAL: Flores da liberdade – Eduardo Silva; O povo contra a vacina – José Murilo de Carvalho; Abaixo a chibata – Marco Morel (pgs. 347 a 359).

GUERRA NA AMÉRICA E NA EUROPA: Paraguai: guerra maldita – Francisco Doratioto Nas trincheiras contra Hítler – Luis Felipe da Silva Neves (pgs. 363 a 369).

CONSTRUTORES ENTRE DOIS MUNDOS: Maurício do Brasil – Evaldo Cabral de Mello; Chica da silva além do mito – Júnia Ferreira Furtado; José Bonifácio inconformado – Ana Cristina Araújo (pgs. 376 a 388).

GUARDIÕES: Maria Quitéria vai à guerra – Patrícina Valim; Osório em toda a parte – Francisco Doratioto; Quem desenhou o Brasil – Rubens Recúpero; Fé na taba – LorelaiKury (pgs. 393 a 408).

A PALAVRA E O GESTO: Muitos Gregórios – João Adolfo Hansen; Machado entre letras e números – Gustavo Franco; Coma palavra, Lima Barreto – Beatriz Resende (pgs. 414 a 426).

INVENTORES: Oswald à vista – Renato Cordeiro Gomes; A invenção da MPB – João Máximo; “O meu pai era paulista”... – Francisco Alambert (pgs. 431 a 447).

LIDERANÇAS: Vargas exemplar – Ângela de Castro; Um presidente bossa nova – Marly Motta (pgs. 454 a 460).

SONHADORES: Palavra de Tiradentes – Tarcísio de Souza Gaspar; O marinheiro e seus bordados – José Murilo de Carvalho; O herói da floresta – Kenneth Maxwell (pgs. 466 a 476).

Faço minhas as palavras do organizador e editor dessa obra, Luciano Figueiredo, em um dos tópicos da sua Apresentação, por sintetizar a sua abrangência e conteúdo:

“A forma inovadora de abordar o passado neste livro combina com essa vivência contemporânea ao oferecer uma visão à História do Brasil arranjada como um caleidoscópio. Cerca de setenta brilhantes historiadores contam passagens singulares da formação do país, resgatando os grandes acontecimentos e passagens, trazendo à tona dramas coletivos e individuais com enorme conhecimento de causa e muita sensibilidade. Tudo isso em uma leitura prazerosa, com que se esmiuçam detalhes pitorescos e fatos curiosos. Nada daquela impostação professoral, nada de jargões ou trechos indecifráveis”.

Para entendermos melhor o Brasil de hoje, urge uma volta às últimas décadas do século XIX (fim da escravidão e do Império) e à primeira do século XX, já na República, com a leitura de História do BRASIL (para ocupados), precisamente o ensaio “O povo contra a vacina”, do escritor José Murilo de Carvalho, às pgs. 352 a 358.

Rio de Janeiro, então com seus 800 mil habitantes, era tomada pelos vírus da febre amarela, peste bubônica, tuberculose, malária, tifo e outras enfermidades, a fazerem milhares de vítimas. O então presidente da República, Rodrigues Alves, convoca o sanitarista Oswaldo Cruz, a quem incumbe criar as condições para livrar a população dessas moléstias. Surge daí a vacina contra a febre amarela e o Governo decreta a obrigatoriedade da vacinação para todos. Surge incontinenti fortes reações contrárias, com passeatas e toda sorte de reações contrárias, mexendo inclusive com as Forças Armadas. A intensidade das reações contrárias à vacinação levou o presidente Rodrigues Alves a decretar “Estado de Sítio”.  

Leitura que recomendo, repito, aos três níveis de ensino e a quantos precisam e gostariam de saber mais e melhor sobre a História desse gigante chamado Brasil.

(Manoel Neto Teixeira, jornalista e escritor, é membro, dentre outras, da Academia Pernambucana de Letras Jurídicas – cadeira 44). E-mail: polysneto@yahoo.com.br