sexta-feira, 27 de novembro de 2020

A ESCOLA PÓS-PANDEMIA É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais. Coelho Neto


             






Começo nosso artigo sobre educação citando o escritor, filosofo, romancista e teatrólogo maranhense Henrique Maximiano Coelho Neto. Antes do tema, quero falar do brilhante papel da família nesse momento. Tenho certeza absoluta que muitos pais não sabiam da capacidade que têm na arte de educar. Então, ouso dizer: se esse momento atual trouxe algo de bom, foi a ligação familiar onde, mais do que nunca, todos se envolveram com o ensino e a ligação entre pais e filhos passou a ser melhor. É verdade que como educador ouvi algumas poucas reclamações, mas, tive a alegria de ver avós com idade bem avançada aprendendo números primos, pais, já maduros, dizendo que até que enfim aprenderam a diferença entre objeto direto e indireto. O que mais me chamou a atenção foi aquele casal de amigos que brigava por tudo e, por necessidade, em clima de paz, sentar para estudar, compreender e dividir com o filho o conhecimento da Tabela Periódica. Com isso a famosa frase: “não há mal que não traga um bem” pode ser escrita de forma prática dentro de muitos lares.

Verdade que vamos ter um processo de atraso no conhecimento globalizado durante algum tempo, a partir do momento em que as escolas tiveram que ser fechadas. Porém, é inegável dizer que tivemos um avanço educacional grande, pois sabemos que as aulas a distância, o ensino remoto e a aprendizagem on-line já estavam presentes, mesmo que forma tímida, em nossas vidas. E, com a pandemia, tiveram um impulso surpreendente. E o que já estava começando a ser comum no ensino superior foi utilizado até na educação infantil, pois a crianças anteciparam, de forma rápida, o seu acesso aos computadores, tablets e celulares. Fazendo eu rir da minha própria imagem que proibia os alunos levarem celular para a escola, há anos. Agora tenho que implorar para que os pais permitam aos seus filhos o acesso a todas essas ferramentas eletrônicas com a finalidade de facilitar o tão famoso processo ensino-aprendizagem.

Nesse sentindo é preciso uma atitude das escolas e uma compreensão por parte dos pais: aceitar as ferramentas que vieram para ficar e que serão importantes, a partir de agora. Foi preciso que os professores antecipassem sua aprendizagem e incorporassem o mais rápido possível esses novos métodos e os pais voltassem a estudar de forma objetiva e avançada para que os filhos também compreendessem a nova educação. Não devemos esquecer que, infelizmente, por uma questão econômica, apenas 60% dos alunos tiveram acesso as novas modalidades de ensino. Temos que nos preparar para estas mudanças causadas pela pandemia, que vieram para ficar. Sabemos que os costumes incorporados com o novo normal passaram a ser definitivos nas nossas vidas, no Brasil e em todos os outros países.

Vejamos, então, algumas das tendências que ficarão nas nossas casas e escolas no pós-pandemia. Lembrando que pode variar de região e de um país para outro, dependendo, logicamente, da cultura de cada local.

Ensino híbrido

É definido como uma modalidade de ensino que mescla o presencial com o virtual, ou seja, conta com aulas fora e dentro da escola. Assim, o estudante terá mais autonomia e uma velocidade de aprendizagem diferente. Devendo utilizar as ferramentas virtuais para aumentar a sua agilidade. Essa nova modalidade é centrada no aluno e na família.

Ensino não presencial

Evidentemente que aqui falamos das aulas para cursos superiores. Esse processo já estava sendo usado antes da pandemia, mais a nível médio e fundamental. É uma novidade nas escolas brasileiras, pois é uma inovação atípica criada nesse momento e que veio para ficar. É importante destacar que isso não significa que as aulas presenciais serão totalmente substituídas pelas virtuais. No entanto, é um caminho que se abre para que as escolas e as famílias entendam que o aprendizado também pode acontecer fora da sala de aula.

Uso de recursos tecnológicos

Sem o uso da tecnologia o impacto da pandemia na vida estudantil teria sido muito maior. Graças a aplicativos para postagem de conteúdos e plataformas de reunião online, os alunos puderem continuar tendo aula, sem sair de casa. Foi com base nesses recursos que tivemos condição de enfrentar, educacionalmente, a pandemia. Sendo importante, nesse momento, os Sistemas de Ensino, e as escolas que já os adotavam saíram na frente, facilitando a aprendizagem. Contudo, houve a necessidade que os professores tivessem um treinamento para melhor conhecer. Houve adaptação para todos.

Valorização da cidadania

A cidadania sempre foi um conceito trabalhado na maioria das escolas. No entanto, os estudantes nunca tiveram oportunidade de entender o real significado de boas práticas na sociedade, como agora. Nesses novos tempos todos tiveram que aprender a importância do bem estar comum e, acima de tudo, saber que nossas atitudes têm um grande sentido para o próximo. Usar máscara, lavar as mãos, manter distância, serão incorporadas as nossas novas atitudes e de forma definitiva. Esperamos que esse fato passe para a história, não somente como um momento de milhares de mortes, mas, um tempo que melhorou a relação entre os homens.

Aumento da solidariedade

Durante a pandemia muitas pessoas perderam os seus entes queridos e outras tantas os empregos, tendo as finanças abaladas. Isso pode ter causado traumas, preocupações, inseguranças e angústias para essas famílias. Então, vimos um grande aumento da solidariedade humana, e a escola foi fundamental nesse momento. Vamos continuar ensinando aos nossos alunos e filhos que precisamos, mais do que nunca, cuidar não somente da gente, mas também uns dos outros. Agora ficou bem claro que a educação pós-pandemia alterou nossos pontos de vistas estruturais e socioemocionais. Daí, precisamos, também, preparar uma nova escola para um novo aluno, sabendo que ele vem de uma nova família. Só assim teremos sucesso nesse novo tempo.

Prof. Albérico Luiz Fernandes Vilela

Membro da Academia Pernambucana de Educadores

Membro da União Brasileira de Escritores

Membro do Lions Club Internacional

Diretor Pedagógico da UNIC – Universidade da Criança

Palestrante da Área de Educação

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Arriete Rangel de Abreu

 

                          

Até quando?

Enquanto durar

Sem data, hora e lugar

Indefinido é o estar

De cada amanhã.

Se nascer o novo dia

De alegria ou agonia

Continuar!

A estrada é permanente

Temporários somos nós

Até a finitude chegar. 


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Incrível: Kondras Kanillis está em Panelas! - José Alexandre Saraiva


            







Nada mais me espanta nesse mundo de surpresas inimagináveis! Principalmente depois que o Gerson Bientinez driblou a turma aqui em baixo e se mandou para a cobertura, a convite de amigos que lá se instalaram antes, entre eles Waltel Branco, Tatara, Saul Trumpet, Daniel Saxofonista, Ivo Rodrigues e Ivan Graciano.

Pois bem. Os leitores mais antigos da Gazeta do Povo lembram-se bem do guru Kondras Kanillis, o marinheiro grego que, inexplicavelmente, foi parar na mística e histórica Lapa, recanto paranaense sem ligação com o mar. A cidade ganhou notoriedade nacional no chamado Cerco da Lapa, por resistir heroicamente ao exército de Gumercindo Saraiva, em 1894, no auge da Revolução Federalista, retardando a marcha dos maragatos. Tanto pelo passado aguerrido do seu povo quanto pelos vultos de homens ilustres que legou ao mundo, a Lapa tem lugar de destaque nas páginas da História.

Vamos à última do Kondras Kanillis. Como se sabe, ele tinha como único confidente o jornalista Antonio Carlos Lacerda, o querido Caco, que fazia desfilar em sua coluna “O fato político” reflexões do sábio marinheiro sobre filosofia e política. Entre as qualidades do Kondras, ele nunca errou um resultado das urnas. Um dia, assim como surgiu, do nada sumiu da Lapa, juntamente com seu secretário especial, Osnírio.  

 Eis que hoje pela manhã o Caco me telefona para dizer que recebeu uma carta do Kondras. 

Garantiu-me que ele está morando na minha terra natal, Panelas, nome oficial de Labiata. O município está localizado numa área serrana do interior de Pernambuco, entre a zona da mata sul e o agreste. A região está muito mais para o sertão do que para o mar. Ainda segundo Caco, Kondras adquiriu lá um sítio entre os lugares Queimada do Milho e Feijão, próximo às vilas de Cruzes e São Lázaro. Ele continua o marinheiro terrestre de sempre, viajando em busca de si mesmo. Disse ao Caco que no seu retorno à Grécia vivenciou uma experiência desagradável com o ex-amigo Onassis, por causa de uma ciumeira idiota daquele armador bilionário, que alimentava desconfiança com a atenção que a Jacqueline Kennedy Onassis lhe dispensava. Chateado, resolveu refugiar-se num lugar que, além de ficar longe do mar, não deveria existir no mapa. À época, com auxílio da Nasa, descobriu Panelas. Kondras sempre quis conhecer Panelas. De acordo com Caco, o guru tinha três motivos para essa aventura. Primeiro, entender melhor a Guerra dos Cabanos, ali travada na década de 1830. Segundo, concluir um estudo sobre o movimento migratório dos holandeses que se refugiaram no interior nordestino durante a perseguição portuguesa. O sítio Feijão teria sido o esconderijo predileto deles no município. Terceiro, curiosidade para saber se o topônimo Panelas tem origem na descoberta de igaçabas indígenas no sopé da Serra da Bica (por isso, o primeiro nome, Olho D’Água das Panelas) ou no fato de a cidade localizar-se entre três serras (da Bica, dos Timóteo e do Boqueirão), cujos formatos lembrariam trempes de uma panela. Kondras descartou de plano essa segunda  possibilidade. As supostas trempes, na melhor das hipóteses, estariam ligadas a uma só panela (no singular).  

Numa deferência especial, ontem à noite Caco me enviou por Whatsapp o trecho final da carta de Kondras. Por coincidência, fala do momento político em Panelas:

“Aqui, depois de muito tempo, haverá renovação política. Tudo porque o líder do grupo que comanda o município há 25 anos andou cometendo erros primários e imperdoáveis. São exemplos: 1. Em um programa de rádio, chamou de hiena o povo da oposição, e os professores, de incautos. Chamar o povo de hiena na terra que realiza a maior corrida de jericos do Brasil é ofensa que nem o próprio jumento pode aceitar. Por outro lado, os professores são bem conceituados. 2. Sem licença ambiental, aterrou o açude da cidade, um belo patrimônio paisagístico e memorialístico. Aterrar um açude no Nordeste é vilipêndio à Natureza que só perde para o crime de matar uma vaca na Índia, onde é considerada animal sagrado. Se lá, na Índia, a vaca é dádiva de Deus, podendo passear livremente pelas ruas, aqui no Nordeste do Padre Cícero Romão Batista nada mais sagrado do que ver água deslizando no leito de um rio, ainda mais se ele tem histórico de enchentes caudalosas, como o Rio Panelas, que tantas vacas já dessedentou. 3. Em áudio vasado no Whatsapp, ele, que é de fora, mandou recado para um opositor afastar-se do seu caminho. Ora, todos os caminhos do município de Panelas são dos panelenses, nativos ou adotivos, como é o meu caso e do Osnírio (aqui chamado de “Galego” por causa da aparência de polaco). 4. Trocou, sem autorização legal, o nome da tradicional Praça Dr. Manoel Borba (que homenageia um dos mais ilustres pernambucanos), para agradar a família de outro político. Agiu como se denominações de praças e logradouros públicos tivessem caráter provisório e não dependessem de lei. 5. Num surto raivoso, danificou, pessoalmente, instalações do açougue público, outro símbolo da cidade. 6. Permitiu que sua candidata à reeleição insistisse em dizer publicamente que é laranja dele. Nesses dias de campanha, ela se empolgou e foi além: proclamou que tem orgulho pessoal de ser laranja e salada mista do padrinho político! Uma confissão nunca vista antes, nem na Grécia, berço da filosofia e da democracia, nem no restante do mundo ocidental!”

Kondras prossegue: 

“Sei que já estou te cansando nesta nota final da carta, mas é preciso deixar cravado, a bem da minha reputação, que a eleição deste ano em Panelas será decidida pelos estudantes e pela massa de jovens que há muitos anos não têm oportunidade de emprego. Boa parte do eleitorado vota na situação para não perder um miserável auxílio de 300 dinheiros. Esse contingente de votos é grande, mas insuficiente para suplantar o restante do eleitorado, independente e progressista, hoje empenhado na libertação de um sistema político-administrativo guiado pelo mandonismo e pelo assistencialismo. Por isso mesmo, nos bastidores da política, onde Osnírio transita com liberdade (minha luneta sonora registra tudo do alto da Serra dos Timóteo), fala-se que, tão logo seja conhecido o resultado das eleições, será necessário criar uma equipe de transição só para regularizar a situação dos contratos irregulares. De fato, em vez de uma ação de caça às bruxas, urge valorizar o servidor dedicado e competente. De acordo com Ruben, o futuro prefeito, que é um advogado jovem, líder dos trabalhadores rurais, humilde, sereno e conciliador, todos são, como ele, filhos da terra. Portanto, uma dispensa generalizada dos funcionários apadrinhados está descartada. Segundo ele, é preciso separar o joio do trigo para não causar comoção social, tamanha é a quantidade de funcionários sem concurso que dependem da prefeitura para sustentar a família. A melhor política é fazer valer a meritocracia.

Sobre o Osnírio:

O Osnírio anda meio besta! E isto desde a conclusão de um curso de culinária em Paris – o que, diga-se de passagem, me levou à obesidade, pois ele continua fazendo a comida mais saborosa da terra e dos mares por onde já navegamos. Não bastando, passou a se achar filólogo do dialeto matuto. Está terminando um dicionário com expressões e vocábulos locais, do tipo: “eita bixiga”, “pra mode”, “oxente”, "vixi", fidapeste”, “inhô”, “priquita”, “quenga”, “trubufu”, “pra tu, visse!”, “fidirrapariga”, “mangar”, “amulegar”, “abufelado”, “tabaca”, “tabica”, “cambito”, “xêxo”, “amudiçado”, “inxirido”, “bilola”, “cachete”, “cafuçu” “entonce”, “cambuta” e quejandos. Pasme: também quer me dar lição de política! Diz que a eleição em Panelas pode ser decidida na zona rural, um território realmente imenso (apenas 10% menor que toda a área do município de Curitiba). Foi nele que a Nasa resolveu deixar o meu iate, onde moro, já que o açude virou esgoto a céu aberto.  O Osnírio diz isso (que a eleição será decidida na zona rural) porque, conforme a estação do ano, a quantidade de cabrestos nos sítios supera as favas e os jerimuns que nascem nos roçados. Nesse ponto ele tem razão, mas comete um erro vitando: os matutos fizeram muitos filhos nesses últimos 25 anos. Os jovens, como é próprio da idade, são rebeldes, alimentam sonhos, são inovadores. E graças à internet, estão com as mentes afinadas com a “alegoria da caverna”, do compatriota Platão, nascido em Atenas. Esse sentimento de libertação ganhou impulso excepcional com a recente e emblemática adesão da ex-diretora de turismo da prefeitura, Elielma Santos, ao programa de governo do futuro prefeito. Ela, de conduta retilínea, formada em História e fotógrafa apaixonada pela Natureza, desfruta de muito prestígio no município. Além desse mar de água fria nas pretensões da situação, o movimento pró-renovação ganhou vigor poético e musical a partir da circulação de um vídeo com o canto “Brio Cabano”, do poeta Biu Difulô. A propósito (e para deixar Platão de queixo caído), um dos versos remete à minha brava Esparta. Veja:   

NOSSO SANGUE É CABANO

TEMOS NA VEIA MUITO ARDOR

NOSSOS PUNHOS ESPARTANOS

NUNCA TEMERAM O INVASOR

NOSSOS BRIOS DE GUERREIRO

QUE A HISTÓRIA JÁ PROVOU

JAMAIS SE VENDEM À TIRANIA

TÊM VIRTUDE E ESPLENDOR.  


Fico por aqui, visse! (rsrsrs). 

Xêro do KK.”

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Como se vê, eu morro e não vejo tudo. Kondras Kanillis em Panelas!

SOBRE GONÇALVES DIAS - DIRCEU RABELO

 

 

Seu canto ainda vibra nas palmeiras

onde outrora cantavam sabiás.

que ali trinavam pelas derradeiras

horas da madrugada. Como atrás,

 

as suas aves não gorjeiam mais.

O canto  teve fim, mas a lembrança

daquele alvorecer, breve, fugaz,

ficou naquela aurora de esperança.

 

Seu canto eterno é triste como o sino,

como triste também foi seu destino

de não voltar à terra em que nasceu.

 

dele se foi matéria só, no entanto,

a intemporalidade do encanto


que há na voz do seu verso não morreu.