Começo nosso artigo sobre educação citando o escritor, filosofo, romancista e teatrólogo maranhense Henrique Maximiano Coelho Neto. Antes do tema, quero falar do brilhante papel da família nesse momento. Tenho certeza absoluta que muitos pais não sabiam da capacidade que têm na arte de educar. Então, ouso dizer: se esse momento atual trouxe algo de bom, foi a ligação familiar onde, mais do que nunca, todos se envolveram com o ensino e a ligação entre pais e filhos passou a ser melhor. É verdade que como educador ouvi algumas poucas reclamações, mas, tive a alegria de ver avós com idade bem avançada aprendendo números primos, pais, já maduros, dizendo que até que enfim aprenderam a diferença entre objeto direto e indireto. O que mais me chamou a atenção foi aquele casal de amigos que brigava por tudo e, por necessidade, em clima de paz, sentar para estudar, compreender e dividir com o filho o conhecimento da Tabela Periódica. Com isso a famosa frase: “não há mal que não traga um bem” pode ser escrita de forma prática dentro de muitos lares.
Verdade que vamos ter um processo de atraso no conhecimento globalizado durante algum tempo, a partir do momento em que as escolas tiveram que ser fechadas. Porém, é inegável dizer que tivemos um avanço educacional grande, pois sabemos que as aulas a distância, o ensino remoto e a aprendizagem on-line já estavam presentes, mesmo que forma tímida, em nossas vidas. E, com a pandemia, tiveram um impulso surpreendente. E o que já estava começando a ser comum no ensino superior foi utilizado até na educação infantil, pois a crianças anteciparam, de forma rápida, o seu acesso aos computadores, tablets e celulares. Fazendo eu rir da minha própria imagem que proibia os alunos levarem celular para a escola, há anos. Agora tenho que implorar para que os pais permitam aos seus filhos o acesso a todas essas ferramentas eletrônicas com a finalidade de facilitar o tão famoso processo ensino-aprendizagem.
Nesse sentindo é preciso uma atitude das escolas e uma
compreensão por parte dos pais: aceitar as ferramentas que vieram para ficar e
que serão importantes, a partir de agora. Foi preciso que os professores
antecipassem sua aprendizagem e incorporassem o mais rápido possível esses
novos métodos e os pais voltassem a estudar de forma objetiva e avançada para
que os filhos também compreendessem a nova educação. Não devemos esquecer que,
infelizmente, por uma questão econômica, apenas 60% dos alunos tiveram acesso as
novas modalidades de ensino. Temos que nos preparar para estas mudanças causadas
pela pandemia, que vieram para ficar. Sabemos que os costumes incorporados com
o novo normal passaram a ser definitivos nas nossas vidas, no Brasil e em todos
os outros países.
Vejamos, então, algumas das tendências que ficarão nas nossas casas e escolas no pós-pandemia. Lembrando que pode variar de região e de um país para outro, dependendo, logicamente, da cultura de cada local.
Ensino híbrido
É definido como uma modalidade de ensino que
mescla o presencial com o virtual, ou seja, conta com aulas fora e dentro da
escola. Assim, o estudante terá mais autonomia e uma velocidade de aprendizagem
diferente. Devendo utilizar as ferramentas virtuais para aumentar a sua
agilidade. Essa nova modalidade é centrada no aluno e na família.
Ensino
não presencial
Evidentemente que aqui falamos
das aulas para cursos superiores. Esse processo já estava sendo usado antes da
pandemia, mais a nível médio e fundamental. É uma novidade nas escolas
brasileiras, pois é uma inovação atípica criada nesse momento e que veio para
ficar. É importante destacar que isso não significa que as aulas presenciais
serão totalmente substituídas pelas virtuais. No entanto, é um caminho que se
abre para que as escolas e as famílias entendam que o aprendizado também pode
acontecer fora da sala de aula.
Uso
de recursos tecnológicos
Sem o uso da tecnologia o impacto da pandemia na vida estudantil teria sido
muito maior. Graças a aplicativos para postagem de conteúdos e plataformas de
reunião online, os alunos puderem continuar tendo aula, sem sair de casa. Foi
com base nesses recursos que tivemos condição de enfrentar, educacionalmente, a
pandemia. Sendo importante, nesse momento, os Sistemas de Ensino, e as escolas
que já os adotavam saíram na frente, facilitando a aprendizagem. Contudo, houve
a necessidade que os professores tivessem um treinamento para melhor conhecer. Houve
adaptação para todos.
Valorização
da cidadania
A cidadania sempre foi um
conceito trabalhado na maioria das escolas. No entanto, os estudantes nunca
tiveram oportunidade de entender o real significado de boas práticas na
sociedade, como agora. Nesses novos tempos todos tiveram que aprender a
importância do bem estar comum e, acima de tudo, saber que nossas atitudes têm
um grande sentido para o próximo. Usar máscara, lavar as mãos, manter
distância, serão incorporadas as nossas novas atitudes e de forma definitiva.
Esperamos que esse fato passe para a história, não somente como um momento de
milhares de mortes, mas, um tempo que melhorou a relação entre os homens.
Aumento
da solidariedade
Durante a pandemia muitas pessoas
perderam os seus entes queridos e outras tantas os empregos, tendo as finanças abaladas.
Isso pode ter causado traumas, preocupações, inseguranças e angústias para essas
famílias. Então, vimos um grande aumento da solidariedade humana, e a escola
foi fundamental nesse momento. Vamos continuar ensinando aos nossos alunos e
filhos que precisamos, mais do que nunca, cuidar não somente da gente, mas também
uns dos outros. Agora ficou bem claro que a educação pós-pandemia alterou
nossos pontos de vistas estruturais e socioemocionais. Daí, precisamos, também,
preparar uma nova escola para um novo aluno, sabendo que ele vem de uma nova
família. Só assim teremos sucesso nesse novo tempo.
Prof.
Albérico Luiz Fernandes Vilela
Membro da Academia Pernambucana de
Educadores
Membro da União Brasileira de
Escritores
Membro do Lions Club Internacional
Diretor Pedagógico da UNIC –
Universidade da Criança
Palestrante da Área de Educação