quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

A TECELÃ DO COSMOS Tonicato Miranda para Malita Miranda


 






Salve mãe das águas, da terra e do céu

Você tece bondade como a abelha faz o mel

Teça o siso nos homens, o riso nas crianças

Com a agulha ponteia todos com paciências

Emenda a amargura dos humanos entre nós

Vá tecendo o silêncio com pitadas de canto e voz

Mas não se esqueça de desenhar no tricô, o farol

Mostra a fúria das águas quebrando no atol

O vento desmancha a ousadia dos homens

Tudo vira água, a subir como vapor às nuvens

Você sabe disto, e  sabe ainda muito mais

Fiandeira experiente confia nos animais

Porque sabe controlar toda a destemperança

Alimentar a humanidade de verde-esperança

Mas se faltar a lã do novelo, continua a tecer

Teça pensamentos calados, nada é pra esquecer

Eles passarão de uma cabeça a outra cabeça

E aquela com outra agulha fará tudo renascer

Terá sido criado o dom do cosmos, não do diabo

E tecido o manto do universo, tudo estará criado


Sobre mães e tarrafas

para a mãe Malita

você, eterna figurinha

do meu álbum de vida

uma velhinha só minha

é meu vinho, a bebida

quanto mais envelhece

melhor fica na garrafa

melhor comigo parece

é o barco, minha tarrafa

onde lançar, peixe virá

às vezes virão surpresas

latas, cordas e um colar

alegrias em contas presas

tudo a nos fazer mais amar

na doçura da boa receita

um doce de coco e manjar

comida sempre bem feita

a nos servir como marajás

o que dizer do tricô e os fios

nos sapatinhos de lã grossa

protegendo os pés dos frios

aquecedor que nos enrosca

ah! malita, jogue sua tarrafa

me aprisiona, me envolva

reza uma oração à Fátima

a grande distância dissolva



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