Salve mãe das águas, da terra e do
céu
Você tece bondade como a abelha faz o
mel
Teça o siso nos homens, o riso nas
crianças
Com a agulha ponteia
todos com paciências
Emenda a amargura dos humanos entre
nós
Vá tecendo o silêncio com pitadas de
canto e voz
Mas não se esqueça de desenhar no
tricô, o farol
Mostra a fúria das
águas quebrando no atol
O vento desmancha a ousadia dos
homens
Tudo vira água, a subir como vapor às
nuvens
Você sabe disto, e sabe ainda muito mais
Fiandeira experiente
confia nos animais
Porque sabe controlar toda a
destemperança
Alimentar a humanidade de
verde-esperança
Mas se
faltar a lã do novelo, continua a tecer
Teça pensamentos calados, nada é pra esquecer
Eles
passarão de uma cabeça a outra cabeça
E aquela com
outra agulha fará tudo renascer
Terá sido
criado o dom do cosmos, não do diabo
Sobre mães e tarrafas
para a mãe Malita
você, eterna figurinha
do meu álbum de vida
uma velhinha só minha
é meu vinho, a bebida
quanto mais envelhece
melhor fica na garrafa
melhor comigo parece
é o barco, minha tarrafa
onde lançar, peixe virá
às vezes virão surpresas
latas, cordas e um colar
alegrias em contas presas
tudo a nos fazer mais amar
na doçura da boa receita
um doce de coco e manjar
comida sempre bem feita
a nos servir como marajás
o que dizer do tricô e os fios
nos sapatinhos de lã grossa
protegendo os pés dos frios
aquecedor que nos enrosca
ah! malita, jogue sua tarrafa
me aprisiona, me envolva
reza uma oração à Fátima
a grande distância dissolva
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