À
medida que o tempo passa ou a qualquer desarranjo na condução da política,
aumenta o número daqueles que dizem “eu votei nele para que o outro não
ganhasse”. Afastam assim o carimbo da testa com a inscrição “Você é o culpado”.
E
isso não é de agora. Desde que me conheço por gente, desde aquele tempo em que
percorria as seções eleitorais para pegar cédulas, esparramadas pelo chão, para
brincar de eleições. Nada mudou. Sempre fica no ar o desapontamento do eleitor
diante dos erros ou trapalhadas de seu representante.
Hoje
resolvi contrariar aqueles que se dizem indiferentes ao BBB... assim como os
que se travestem de progressistas e socialistas para serem vistos como
intelectuais. No Jornalismo e nas Artes é prática recorrente.
Pois
bem... ouvi dizer que o Big Brother é o microcosmo do mundo exterior. Exceto
Covid, ali tem de tudo: hipocrisia, traição, falsidade, conversa fiada e, às
vezes, demonstrações de amizade sincera. Representa o oásis nesse deserto de
boas notícias da televisão. Você recebe uma carga imensa de informações sobre a
Covid e seus efeitos, com UTIs superlotadas, velórios sem cortejo e muito “dá
cá o meu” na hora de pleitear ajudas aos cofres públicos. Daí entra na
programação o BBB e você não ouve falar uma vírgula sobre a pandemia. Minutos
de desafogo!
Vejo,
portanto, o BBB. E tenho “aprendido” muito. Vi, por exemplo, uma menina
bonitinha perguntar, numa prova, qual era o significado de Ambição. Simples
ignorância, metalinguagem, metáfora ou qualquer outra coisa do gênero? Será
que, ao demonstrar tal desconhecimento, ela não estava passando mensagem ao
telespectador sobre a tênue linha que separa a virtude do pecado? Adão e Eva
não destruíram o Paraíso em razão da ambição? Em contrapartida, crescer,
prosperar, progredir não têm, em si, muito de necessária ambição?
A
lição maior, contudo, é para mim, dirigida aos que definem a regra do processo
eleitoral. Da casa do BBB saem os condenados pelos eleitores, o público
telespectador. Não seria melhor em nossas eleições votarmos em quem deve sair
do pleito. Mais votos – representando a condenação pelo passado político do
candidato – fora! Ao final, o menos votado seria consagrado vencedor.
Assim,
seria a legítima vitória do Menos Ruim. Ou seja, acabava com essa história de
ser enganado por promessas, planos oníricos ou ares de quem possa a vir ser
bom.
Combinava perfeitamente com o quadro político brasileiro. E as manchetes pós-pleito seriam verdadeiras e de acordo com a realidade política: “Fulano venceu hoje a eleição como o Menos Ruim”, para a alegria do macrocosmo nacional.
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