quarta-feira, 9 de junho de 2021

NO REMANSO DA MEMÓRIA - Luiz Gonzaga de Mattos


 







     Nas enchentes dos rios, as ramagens sobre as águas vão, mansamente, se encostando aqui e ali. Assim parece ser a memória. O tempo vai acumulando momentos em nossas vidas e, de um instante para outro, recordações vão chegando e se aninhando naquela curva chamada saudade. Se num rio o redemoinho das águas dá espaço por pouco tempo ao que chega, o atropelo do dia a dia vai limpando a curva da saudade. Ontem, sem agito nesses dias quarentenais, ocupei o tempo vendo antigos escritos e velhas fotos com personagens que sacudiram a ramagem das curvas da saudade e se mostraram vivas em minha memória.
Lembrei-me de uma “hora da saudade” com amigos de adolescência e juventude da cidade de Sengés, no interior paranaense. Como local do encontro, marcamos a cidade de Ponta Grossa para facilitar a presença da maioria do grupo. No início de maio, há oito anos, nos reunimos. Vai aqui um excerto do texto escrito após a confraternização:
     

     Assim é a saudade verdadeira. E não poderia ser diferente ao vermos nossos amigos de uma época saudosa. Por isso tudo valeu a pena nosso encontro. Momentos em que fomos transportados para outros tempos, onde a nossa preocupação não era com o amanhã. Vivíamos o hoje, curtíamos o agora e hoje sofremos com o ontem. Porque trazer a saudade no peito é estar onde não podemos estar. E isto, ao voltar à realidade, vemos que os cachos dourados dos cabelos do Jamil foram tomados pela calvície; o tapete do Tico desapareceu completamente... Assim é a vida. E essa vida nos dá satisfação quando podemos rever amigos. Daí, ao vivo, sai aquela imagem desbotada pelo tempo e ressurge com esplendor a da convivência. Como se o tempo não tivesse passado. Quando inexiste o binômio saudade-amizade é porque não havia amigo. Aí, sim, a saudade machuca. Felizmente deste mal não sofremos. Abraços a cada um de vocês que me deram o prazer deste encontro. Até o próximo!


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